Em audiência de custódia na tarde desta quarta-feira (26), a Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva da influenciadora digital Vitória Guarizo Demito, de 25 anos, e do modelo Gabriel Meneses.
Os dois foram presos na terça (25) por suspeita de tortura e roubo de mais de R$ 40 mil. A vítima é um homem que teria marcado um encontro por aplicativo no apartamento da influenciadora em Moema, Zona Sul de São Paulo, em 18 de maio.
Durante o cumprimento de oito mandados de busca e apreensão e das prisões temporárias, os policiais encontraram porções de maconha, haxixe, cocaína e dezenas de psicotrópicos que a polícia suspeita terem sido usados para também dopar a vítima.
No boletim de ocorrência, a polícia ressalta que os suspeitos guardavam essas substâncias na casa “com o propósito único e exclusivo de utilizarem na prática de roubo, na modalidade Boa Noite, Cinderela”, que é quando a vítima é drogada e roubada. O caso é investigado pelo 27º DP.
Durante a audiência, a influencer alegou que os medicamentos seriam para uso próprio. A defesa dela não encaminhou posicionamento até a última atualização desta reportagem. A defesa de Gabriel não foi localizada.
Entenda o caso
Segundo apurado pelo g1, um homem marcou um encontro e teve o primeiro contato com Vitória no apartamento, depois de se conhecerem por um aplicativo. Naquela noite de maio, Vitória disse que teria acabado de chegar de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e estava “triste porque o ex havia batido nela”.
A vítima foi recebida no flat. Dois homens surgiram quando Vitória e a vítima já estavam no quarto, e começaram as agressões.
Um desses homens era Gabriel Meneses, que já teria tido um relacionamento com Vitória. A vítima, então, foi imobilizada e espancada.
O refém foi obrigado a fornecer senhas de aplicativos bancários. De acordo com o relato, ele foi torturado com facas quentes e um maçarico nos braços por um dos rapazes, recebeu golpes na cabeça e pelo corpo, até que passou o acesso às contas.
Durante a tortura, o homem afirmou ter ingerido medicamentos e perdido a consciência. Acordou horas depois dentro do carro dele, que estava estacionado em uma avenida da cidade.
Foram feitas diversas transações bancárias, num total de R$ 41 mil – R$ 500 na conta de Vitória, R$ 19 mil em uma conta de Gabriel, R$ 21 mil em outra conta dele e o restante em transferências para mais pessoas.
A vítima reconheceu a influencer e Gabriel por fotos. Vitória tem 1,1 milhão de seguidores em uma rede social e antes dizia ter um relacionamento com Gabriel.
Vitória é transexual e sua transição de gênero foi registrada desde o terceiro ano do ensino médio em vídeos exibidos no Youtube. Atualmente, no Instagram, ela informa que compartilha conteúdos sobre saúde mental, viagens e lifestyle.
Assessoria diz que suspeita provará inocência
Fotos e o número de celular de Vitória apareciam em um site em que é oferecido o serviço de acompanhante em nome de Camilla Flores.
Por meio de nota, o aplicativo de encontros Top Travesti, onde a vítima fez contato com a suspeita, informou que “a referida anunciante não está mais nos classificados desde 14/06/2023, data que foram removidos seus anúncios”. “Ademais, o site somente veicula a publicidade, sendo que o contato é feito diretamente com a anunciante e cliente”, diz o comunicado.
Em nota anterior, a assessoria de Vitória se manifestou sobre o caso:
“A LV Assessoria de Imprensa da influenciadora digital Vitória Guarizo informa que até o momento a prisão da nossa cliente é apenas temporária por 15 dias e que Vitória está colaborando com as investigações, esclarecendo os fatos, confiante de que provará sua inocência. O processo, no entanto, corre em segredo de justiça e a defesa ainda está tomando conhecimento das acusações. Por fim, a defesa de Vitória Guarizo garante que todos os fatos serão esclarecidos e certa de que a verdade prevalecerá!”
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, afirmou que policiais do 27º DP (Campo Belo) realizaram a “Operação Vitória”, que cumpriu os mandados de prisão da influenciadora e de seu namorado.
“A investigação apontou que os dois presos na operação participaram de um roubo em maio no qual obrigaram um homem a ingerir substâncias psicotrópicas e usaram métodos de tortura para fazê-lo transferir cerca de $ 40 mil”, disse a pasta. “No imóvel onde eles estavam a polícia apreendeu celulares, computadores, drogas e diversos medicamentos usados para sedar as vítimas, além de um carro modelo Jaguar”.
Fonte: G1 (Foto: Reprodução/Facebook)