O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou nesta segunda-feira (1º) uma resolução que redesenha todo o processo para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A principal mudança é o fim da obrigatoriedade das aulas em autoescolas, ponto que há anos era discutido no setor.
As novas normas começam a valer assim que forem publicadas no Diário Oficial da União, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Mesmo com a flexibilização, algumas etapas continuam intocáveis. Quem pretende se habilitar seguirá obrigado a fazer as provas teórica e prática. O exame toxicológico também permanece obrigatório para motoristas das categorias C, D e E — responsáveis por veículos de carga, transporte de passageiros e carretas.
O governo afirma que a intenção é tornar o processo menos caro e menos burocrático. Uma pesquisa encomendada pelo Ministério dos Transportes revelou que o valor da habilitação é o principal motivo para que um terço dos brasileiros ainda não tenha CNH. Entre os que dirigem sem carteira, quase metade admite não regularizar a situação justamente pelo custo.
Hoje, cerca de 20 milhões de pessoas trafegam sem habilitação no país. Com as novas regras, o governo espera ampliar o número de condutores regularizados e reduzir a quantidade de motoristas sem formação adequada.
Como ficam as aulas teóricas
A resolução elimina a carga horária mínima. A duração das aulas passa a ser definida por quem oferece o curso, desde que respeite o conteúdo obrigatório estabelecido pelo Contran.
As aulas poderão ser presenciais ou remotas, tanto ao vivo quanto gravadas. A plataforma do governo federal poderá ser usada em:
- autoescolas;
- instituições especializadas em ensino a distância (EaD);
- escolas públicas de trânsito;
- entidades que integram o Sistema Nacional de Trânsito.
Mudanças nas aulas práticas
O texto também institui o instrutor autônomo, garantindo ao candidato a possibilidade de aprender a dirigir fora das autoescolas.
A carga mínima obrigatória cai de 20 para apenas 2 horas.
Outra mudança relevante é a liberação para usar o próprio veículo nas aulas e até no exame prático, desde que o carro atenda às normas de segurança do CTB e o candidato esteja acompanhado de um instrutor credenciado
Instrutores autônomos: como vai funcionar
Instrutores já registrados serão avisados pelo aplicativo da CNH e poderão migrar para a atuação autônoma.
Para quem deseja se tornar instrutor, o Ministério dos Transportes vai disponibilizar um curso gratuito. Autoescolas e entidades credenciadas também poderão ministrá-lo. Depois da formação, será necessário solicitar autorização ao órgão executivo de trânsito.
Os requisitos para atuar como instrutor autônomo são:
- ter 21 anos ou mais;
- possuir autorização do Detran;
- ser habilitado há pelo menos dois anos na categoria em que pretende instruir;
- ter ensino médio completo;
- não ter cometido infração gravíssima nos últimos 12 meses
A resolução representa a maior mudança no processo de habilitação em anos e deve impactar diretamente o custo e o acesso à CNH no país.








