Convidada a depor no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) como testemunha de defesa do deputado estadual Arthur do Val (União Brasil), a ex-namorada do parlamentar disse que condena os áudios sexistas e machistas que vazaram em que ele diz que mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”.
“Achei falta de respeito e condeno os áudios. Fiquei confusa na hora que eu ouvi os áudios, fiquei nervosa e terminei nas redes sociais. Eu acabei [o namoro] durante a viagem”, afirmou a enfermeira Giulia Blagitz.
Blagitz namorava o parlamentar havia três anos e declarou na Alesp que soube dos áudios pelo próprio Arthur do Val, que ligou para ela chorando, antes de sair da Europa, e contou do vazamento para a imprensa das conversas dele em um grupo de amigos.
“Ele, antes de entrar no avião [de volta ao Brasil após viagem à Ucrânia], me ligou chorando e disse que os áudios iriam pra imprensa. Explicou o que tinha nos áudios e me enviou os áudios”, afirmou.
A ex-namorada também disse que, após a chegada do deputado ao Brasil, o casal se encontrou, e o parlamentar voltou a confirmou o conteúdo dos áudios vazados.
“Nós nos encontramos, e eu toquei os áudios na frente dele, a gente conversou sobre os áudios”, afirmou.
Questionada pelo advogado de defesa do deputado sobre o relacionamento dos dois, Blagitz disse que nunca presenciou nenhuma atitude violenta ou machista do ex-namorado e que conhecida toda a família dele.
Dez testemunhas
Além da ex-namorada, uma amiga do parlamentar também foi ouvida pelo conselho. O advogado de defesa de Arthur do Val havia arrolado dez testemunhas para serem ouvidas no conselho na sessão desta terça (5), mas apenas duas compareceram. O colegiado decidiu então, por unanimidade, cancelar as demais oitivas.
Os membros do conselho entenderam que as demais testemunhas faltantes eram apenas uma “manobra protelatória da defesa” para estender o processo por quebra de decoro parlamentar no colegiado, adiando a conclusão do processo.
O colegiado também negou o pedido da defesa do deputado para que os áudios fossem periciados. Os parlamentares entenderam que as entrevistas de Arthur do Val na imprensa reconhecendo a autoria do conteúdo e o depoimento da ex-namorada já confirmam a veracidade das falas.
O relator do processo no conselho, deputado Delegado Olim (PP), afirmou que irá entregar um parecer dele sobre o caso já na próxima quinta-feira (7).
Dessa forma, o Conselho de Ética da Alesp deve se reunir novamente na próxima terça-feira (12) para justamente julgar o documento do relator.
Processo de cassação
O Conselho de Ética da Alesp aprovou, por unanimidade, em 18 de março, a abertura do processo contra o deputado Arthur do Val, que pode gerar a cassação do mandato do parlamentar.
Ele é alvo no colegiado de 21 representações pedindo a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar após dizer frases sexistas contra mulheres refugiadas ucranianas.
O parlamentar entregou a defesa prévia ao conselho dizendo que não pode ser punido por áudios “vazados ilicitamente” de conversas privadas dele no aplicativo WhatsApp.
Nos áudios, o deputado diz, entre outras coisas, que as “ucranianas são fáceis porque são pobres”.