O ex-coordenador do Fórum de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes de Minas Gerais (Fevcamg), Moisés Barbosa Ferreira Costa, foi preso nesta quarta-feira (21) em Belo Horizonte suspeito de estupro de vulnerável. Segundo a Polícia Civil, ele também é pastor. Moisés ainda é professor da rede municipal e instrutor em um projeto de circo.
As investigações começaram depois que um homem, hoje com 23 anos, procurou a polícia para denunciar que tinha sido vítima de abuso sexual, cometido por Moisés, na adolescência.
A instituição apurou o caso e descobriu outra vítima, de 13 anos. A mãe do adolescente disse que o filho conheceu o suspeito após frequentar a igreja onde ele atua como pastor. O investigado chamou o jovem para participar do circo e, depois, passou a levá-lo para a casa dele, no bairro Horto Florestal, na Região Leste de Belo Horizonte.
“Por diversas vezes, esse adolescente dormia na casa do investigado. A genitora começou a achar estranho. Ela começou a pesquisar mensagens no celular do menor e viu que o suspeito enviava dinheiro para ele. Com muito custo, o menor relatou que era vítima de abuso sexual praticado pelo investigado”, explicou a delegada Thais Degani, responsável pelas investigações.
De acordo com a policial, a mãe do adolescente procurou o pastor, e ele teria oferecido dinheiro para ela não denunciar o caso. Ele também é suspeito de ter ameaçado a vítima.
Mais vítimas
As investigações seguiram, e outras duas vítimas foram identificadas e prestaram depoimento – uma com 20 anos e outra de 18, que estava na casa do suspeito no momento do cumprimento do mandado de prisão.
Segundo a Polícia Civil, o homem atuava sempre da mesma forma: depois de conviver com as vítimas na igreja, as atraía para o circo e, depois, para a própria casa. Como pastor e coordenador de um fórum contra a pedofilia, ele conquistava a confiança de crianças e adolescentes e dos pais.
“Ele falava: ‘Não adianta vocês contarem nada para ninguém porque ninguém vai acreditar. Eu sou uma pessoa influente, devota à causa contra a pedofilia’. Ele é criador de vários fóruns contra a pedofilia, tem medalhas e homenagens em sua residência, da Assembleia Legislativa e de outros órgãos. Ele tem entrevistas, é mediador de debates contra a pedofilia com autoridades”, disse a delegada.
A Polícia Civil acredita que os abusos aconteciam há pelo menos 10 anos e que o suspeito tenha feito outras vítimas ainda não identificadas. Materiais apreendidos na casa dele, como o celular, podem contribuir para as investigações.
De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o suspeito foi encaminhado a um presídio de Ribeirão das Neves, na Grande BH, nesta quarta-feira.
Pais devem ter atenção
A delegada Carolina Bechelany, chefe do Departamento de Investigação, Orientação e Proteção à Família, destacou que autores de crimes sexuais não têm perfil específico e, por isso, pais e responsáveis devem ficar atentos à rotina e ao comportamento dos filhos.
“Normalmente é uma pessoa muito bem quista, muito articulada, com quem as pessoas do círculo convivem muito bem. Por isso, muitas vezes, as nossas vítimas relatam que são desacreditadas, até mesmo por familiares, em razão de essa pessoa ser alguém que, a princípio, está acima de qualquer suspeita”, afirmou.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte afirmou que Moisés foi admitido em 2018 e estava afastado de suas funções por motivos de saúde. Ele era professor em uma escola no bairro Vera Cruz, na Região Leste.
A pasta falou ainda que, assim que tomou conhecimento das denúncias, informou à Subcontroladoria de Correição e notificou a escola.
Fonte: G1 (Foto: Reprodução/Polícia Civil MG)