Marcos Paulo Franco, um homem negro e estudante do curso de manutenção mecânica para jovens, foi alvo de ofensas racistas e de uma cusparada no rosto por parte de S. V. S., uma mulher branca que participava do mesmo grupo de formação em uma unidade do Senai em São Manuel (SP). Os dois eram funcionários de uma empresa produtora de cana de açúcar, que carrega o mesmo nome do município.
O caso ocorreu no dia 2 de junho, depois de um desentendimento entre os alunos na sala de aula. O professor do curso havia se ausentado da sala por alguns minutos para ir ao banheiro, quando S. passou a ofender Marcos com os dizeres: “Você se vitimiza por ser preto. Você é preto, por isso está na merda” e “preto imundo”.
S. foi demitida, conforme apurado pela Alma Preta Jornalismo. Após passar por problemas de saúde por conta dos ataques, Marcos Paulo pediu demissão. Depois de todo esse processo, o homem negro precisou aumentar as doses do remédio antidepressivo e ansiolítico para controle da ansiedade.
Histórico de agressões
Marcos Paulo Franco foi alvo de ofensas racistas, assédio moral e sexual desde que foi contratado pela empresa São Manoel e passou a participar do curso do Senai.
A companhia desenvolveu um projeto com o Senai para a formação de jovens mecânicos e para isso foram criadas duas turmas. Durante as aulas, no segundo semestre de 2022, S. fez comentários LGBTQIA+fóbios e foi confrontada por Marcos, que se sentiu ofendido com as palavras da colega de classe por ter familiares LGBTs. Depois de debaterem, ela teria dado um tapa no rosto dele.
No final do segundo semestre do ano passado, o profissional negro mudou de área dentro da São Manoel e passou a ser alvo de comentários LGBTQIA+fóbicos e sofrer assédio moral. Ele foi apelidado de “Zé Fanho” por conta de um problema de dicção e ouviu comentários como “se eu fosse viado, eu te comeria” e “esse morde a fronha”.
A reportagem entrou em contato com S. V. S. para ouvir sua versão sobre os fatos, mas ela não respondeu aos questionamentos. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) e a empresa São Manuel também foram procurados e não se posicionaram. Caso alguma das partes se manifeste, o texto será atualizado.
O Senai, por sua vez, afirmou que “a aluna agressora foi advertida, ficou afastada das atividades e não foi permitida a participação dela na cerimônia de formatura”.
“Cabe ressaltar que o SENAI-SP não tolera atitudes discriminatórias e/ou preconceituosas de qualquer tipo. Somos signatários do Pacto de Promoção de Equidade Racial e trabalhamos com campanhas de conscientização, amparadas pelo programa Dimensão 360º do SENAI-SP, que tem como intuito desenvolver nos alunos competências socioemocionais e direcionamento para a prevenção contra ações resultantes de discriminação e ou preconceito de raça, cor, etnia, gênero, orientação sexual e religião”, disse a nota enviada pela instituição. (Alma Preta Jornalismo)