Bauru, Botucatu e Lençóis Paulista (SP) apresentaram agrotóxicos na água distribuída à população em 2022. As informações estão em um levantamento divulgado pela Organização Não Governamental Repórter Brasil, com dados do Ministério da Saúde.
Conforme o levantamento, as três cidades estão na lista dos 210 municípios brasileiros que apresentaram índices de agrotóxicos na água. Assim como nas capitais São Paulo e Fortaleza, os municípios também tiveram o maior número de agrotóxicos identificados na água, com 27 cada.
Chamada de “efeito coquetel”, a mistura entre substâncias preocupa especialistas e pode provocar danos à saúde. Por outro lado, os exames identificaram uma concentração dentro do limite considerado seguro pelo Ministério da Saúde para cada tipo de substância isoladamente.
Em Bauru, maior cidade do centro-oeste paulista, o sistema de abastecimento de água é feito pelo Departamento de Água e Esgoto (DAE), uma autarquia municipal. Em Lençóis Paulista, a responsabilidade é do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). Já em Botucatu, a distribuição de água é operada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Mais de 50 cidades do interior de SP, como Sorocaba, Itu e Porto Feliz, também apresentaram a presença de agrotóxicos na água distribuída à população. Para conferir o número de agrotóxicos encontrados em cada uma delas, acesse este link: https://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2023/10/Munic%C3%ADpios-onde-agrot%C3%B3xicos-foram-detectados-na-rede-de-abastecimento-P%C3%A1gina1.pdf
Mistura de agrotóxicos preocupa
As detecções ocorreram em amostras de água de diferentes redes de abastecimento dos municípios. A maioria dos exames identificou uma concentração dentro do limite considerado seguro pelo Ministério da Saúde para cada tipo de substância isoladamente.
A simples presença de cada agrotóxico em uma amostra não necessariamente acarreta problemas para a saúde. No entanto, a regulação brasileira não leva em conta os riscos da interação entre os diferentes tipos de pesticidas. É justamente a mistura de substâncias o que preocupa especialistas.
O que dizem as instituições?
O Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Bauru informou que monitora sistematicamente a qualidade da água, com laboratórios próprios avaliados pelo INMETRO e certificados com norma ISO 17025. Também realiza análises externas a cada seis meses.
Os resultados de 2022 indicaram que os níveis de agrotóxicos na água distribuída pelo DAE estavam abaixo do limite de quantificação, ou seja, bem abaixo dos níveis detectáveis de maneira confiável. Ainda de acordo com o departamento, as notícias sobre agrotóxicos se referem a poços particulares, não à água pública do DAE.
O DAE garante ainda que todos os relatórios enviados aos órgãos competentes estão dentro dos padrões legais, e nenhum resultado excedeu os limites permitidos. “Portanto, a água fornecida pelo DAE atende aos padrões de potabilidade e é de alta qualidade para o consumo da população”, diz o texto.
A Prefeitura de Botucatu, através da Secretaria do Verde, afirmou está ciente do relatório apresentado pelo Sisagua e Ministério da Saúde de 2022, assim como a Sabesp, responsável pelo abastecimento de água no Município. “Tanto Prefeitura quanto Sabesp estão atentas e seguem às regulamentações legais em relação a esta questão”.
Já a Sabesp, esclareceu que a água que distribui é segura e atende à legislação do Ministério da Saúde, e que monitora e controla sistematicamente todos os agrotóxicos e metabólicos que representam riscos, segundo critérios e exigências do ministério.
Em relação ao possível “efeito coquetel”, a administração municipal de Botucatu afirmou que “o assunto ainda carece de análise científica comprovada por órgãos competentes e comunicação oficial à Prefeitura”.
O SAAE de Lençóis Paulista, por sua vez, afirmou que “a legislação que versa não só sobre a potabilidade de água, mas também a qualidade de alimentos está em constante evolução, em uma ação conjunta e coordenada dos Ministérios da Saúde, da Agricultura e Pecuária, de Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente e Mudança do Clima”.
Disse também que, dentro do entendimento da legislação brasileira, a água do município atende aos requisitos de qualidade, sendo considerada boa para ingestão humana.