Pessoas da mesma família e um policial civil faziam parte da quadrilha de agiotas que movimentaram ao menos R$ 36 milhões em três anos em Franca (SP), segundo o Ministério Público. Os suspeitos foram alvos da Operação “Castelo de Areia”, deflagrada nesta sexta-feira (24) com o cumprimento de 20 mandados na região.
Segundo o promotor Rafael Piola, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a quadrilha, que cobrava juros abusivos e recorria a ameaças e violência para cobrar as vítimas, tinha atuação consolidada na cidade, com um controle efetivo dos clientes e uma tabela de juros bem definida.
“Estavam cooptando agentes públicos, como um policial civil que enquanto estava na ativa efetivamente trabalhou pra eles, já tinha uma parte na sociedade”, afirma.
De acordo com Piola, o policial civil em questão é o ex-investigador Rogério Camillo Requel, exonerado desde setembro e considerado foragido até o início da tarde desta sexta-feira.
Segundo o promotor, ele deixou o cargo há cerca de um mês para permanecer na quadrilha, onde não só trabalhava na concessão dos empréstimos como também nas cobranças, ainda se valendo do posto que ocupou para ameaçar as vítimas. A reportagem tenta localizar a defesa de Requel.
“Nós temos prova de que vítimas questionaram o fato de ele usar a farda de policial, e ele confirmava que era policial, inclusive isso amedrontava ainda mais as pessoas que tinham dívidas com os agiotas”, afirma.
O Ministério Público suspeita que, em uma dessas situações de cobrança, a quadrilha teria usado uma bomba na casa da mãe de uma vítima para obrigá-la a pagar a dívida.
“A maioria dessas pessoas se tornam vítimas e devedoras, porque não conseguem arcar com os pagamentos nos juros abusivos e altos e ao entrarem em inadimplência acabam sofrendo com essa violência e grave ameaça do grupo”, disse o promotor Adriano Mellega.
Operação “Castelo de Areia”
Agentes da Operação “Castelo de Areia” cumpriram nesta sexta-feira 20 mandados, incluindo sete prisões temporárias, 12 mandados de apreensão em Franca e uma ordem de busca em Ribeirão Preto (SP). Dos mandados de prisão, quatro foram cumpridos e três pessoas permanecem foragidas.
Segundo o Gaeco, as investigações apontaram que a quadrilha emprestava dinheiro a juros exorbitantes e posteriormente cobrava as vítimas por meio de graves ameaças e violência.
Com isso, o grupo movimentou ao menos R$ 36 milhões em três anos. Os lucros obtidos, de acordo com a Promotoria, eram reaplicados no esquema ou então destinados para a abertura de empresas de fachada, na compra de veículos e imóveis, como forma de lavagem de dinheiro.
Fonte: G1 (Foto: Kaique Castro/EPTV)