Um pintor perdeu quatro dedos da mão esquerda após uma bomba explodir na casa onde trabalhava no bairro Ibirapuera, em Barretos (SP). Ronaldo de Oliveira registrou boletim de ocorrência contra o dono do imóvel. Segundo ele, o homem é ex-policial militar e contou que esqueceu o artefato no meio de objetos que iriam para o lixo.
Oliveira diz que foi contratado no fim de abril para pintar a casa desocupada e já tinha terminado o serviço. Alguns dias depois, o dono entrou em contato pedindo para ele limpar o imóvel, sendo que deveria se desfazer de itens deixados para trás, como brinquedos e um berço.
Segundo o pintor, entre os brinquedos havia uma lata que parecia uma embalagem spray.
“Eu achei que era um brinquedo, fui abrir aquilo lá e começou a vazar uma fumaça dela. Eu levei no rosto ainda e a fumaça era cheirosa. Mas aí pensei que estava parecendo uma bomba e taquei para trás, nas minhas costas. No que eu joguei fora, ela explodiu, arrancando todos os meus dedos da mão esquerda, ferindo minhas costas, nádega e pernas”, diz.
Socorro
O pintor buscou ajuda no posto de saúde em frente à casa. De lá, foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) à Santa Casa, onde ficou internado por quatro dias.
De acordo com Oliveira, o dono da casa esteve um dia no hospital, contou que é ex-policial militar e que o objeto era uma bomba de efeito moral. O homem lamentou o incidente, mas não ofereceu qualquer ajuda.
“Ele é um ex-militar, falou para mim que era tenente. Ele me pediu desculpas, falou que não poderia ter deixado essa bomba lá, como que pode ter esquecido. Mas aí não me procurou mais, não me ofereceu ajuda, remédio, mais nada.”
O dono da casa é o atual procurador do município de Barretos, Ricardo Cardoso de Barros. A EPTV tentou contato com Barros para comentar o assunto, mas ele não foi encontrado até a publicação desta matéria.
Risco de vida
Oliveira afirma que correu risco de vida, e que a bomba poderia ter ferido crianças. É que perto da casa há uma escola e a intenção dele era deixar os objetos menores, incluindo os brinquedos, na lixeira na porta do imóvel.
“Provavelmente, se eu tivesse deixado os brinquedos na lixeira, eu tenho para mim que Deus, às vezes, me usou porque uma criança podia pegar essa bomba. Imagina se uma criança pega isso e explode na cara? Tinha matado, tinha morrido. Se pega na minha cara, tinha me matado.”
A Polícia Civil coletou amostras do explosivo para a perícia. A vítima vai precisar passar por um processo de reabilitação e ainda pode precisar de novos procedimentos médicos.
Fonte: G1