O casal preso em Sorocaba (SP) apontado como membro de uma associação criminosa abriu ao menos sete igrejas evangélicas para lavar dinheiro do tráfico de drogas, de acordo com o Ministério Público do Rio Grande do Norte. Geraldo dos Santos Filho e Thais Cristina de Araújo Soares foram presos nesta terça-feira (14), durante a operação Plata.
A ação foi deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), que cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão contra o grupo suspeito de lavar dinheiro do tráfico com compra de imóveis, fazendas, rebanhos e até igrejas, em oito estados, além do DF.
A investigação do MP apontou que o esquema é liderado por um homem do Rio Grande do Norte, identificado como Valdeci Alves dos Santos, conhecido como Colorido. Valdeci, irmão de Geraldo, foi condenado pela Justiça de São Paulo e já estava preso na Penitenciária Federal de Brasília, onde foi cumprido novo mandado de prisão nesta operação.
Segundo o MP, Valdeci é o segundo maior chefe de uma facção criminosa que surgiu nos presídios paulistas e que tem atuação em todo o Brasil e em países vizinhos. Há pelo menos duas décadas, os irmãos mantêm o esquema de lavagem de dinheiro, tendo como participantes seus irmãos, filhos, sobrinhos e comparsas fora da família, informou o MP.
Fundadores e pastores de igreja
A Igreja Assembleia de Deus Para as Nações, em Sorocaba, foi alvo da operação, a qual a polícia cumpriu seis mandados de busca e dois de prisão.
Foram apreendidos celulares e documentos. A análise dos objetos, feita pela Polícia Científica, fará parte das investigações, que vão continuar para determinar se há outras pessoas que também integram o esquema criminoso.
Ainda conforme a polícia, Geraldo e Thais se autodenominavam fundadores e pastores da igreja. Todas teriam sido abertas através de “laranjas”. Os promotores suspeitam que a associação criminosa, da qual o casal faz parte, tenha movimentado mais de R$ 23 milhões.
“Dá pra ver que o casal vivia uma vida de alto padrão, com muitos objetos de luxo”, aponta a promotora do Gaeco de Sorocaba, Luciana Andrade Maia.
Policiais também estiveram em dois condomínios fechados de alto padrão, um prédio comercial e na igreja em Sorocaba. A equipe também foi até um condomínio fechado em Araçoiaba da Serra (SP), e a um imóvel em Itu (SP).
A ação contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, e da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic).
Integrantes de quadrilha
Geraldo e a esposa foram presos em um condomínio de alto padrão em Sorocaba, onde moram. A função deles dentro da quadrilha, a princípio e de acordo com a investigação, seria lavar o dinheiro das operações criminosas.
As investigações do MP-RN apontam que os irmãos ocultaram e dissimularam a origem dos recursos por meio do uso de “laranjas” em várias regiões do país. O dinheiro era lavado com a compra de bens e animais em nome dessas pessoas – a maioria irmãos, filhos, cunhados e sobrinhos deles.
O MP informou que “laranjas” com nenhuma ou quase nenhuma renda declarada movimentaram milhões de Reais, sem justificativa aparente.
Ainda de acordo com o Ministério Público, Geraldo já foi preso em 2019 usando um documento falso. Ele tem uma extensa ficha criminal, com passagens por roubo, tráfico de drogas e uso de documento falso.
Geraldo foi encaminhado para a cadeia de São Roque (SP). Ele se manifestou e alegou que foi preso injustamente. Já Thais foi levada para a cadeia de Cesário Lange (SP). Os dois foram presos preventivamente.
Fonte: G1 (Foto: Arquivo Pessoal)